O agronegócio brasileiro, principal motor da economia nacional em 2025, deve mudar o ritmo no próximo ano. Após encerrar o ciclo atual com um crescimento robusto de 10,6%, as projeções para 2026 apontam para uma estabilização, com o Produto Interno Bruto (PIB) do setor avançando modestos 0,4%.
Embora os números sugiram uma desaceleração, analistas do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV) e do Itaú destacam que o fenômeno é, na verdade, uma manutenção de patamar. O setor “andará de lado” simplesmente por já estar operando em seu nível máximo de eficiência e volume.
2025: O Ano do Recorde e dos Contrastes
O balanço de 2025 mostra que o agro salvou o PIB nacional. No primeiro trimestre, enquanto a economia geral crescia 1,5%, a agropecuária saltava 16,4%.
Entretanto, o sucesso produtivo não blindou o produtor de crises financeiras.
Os produtores lidaram com altos juros, problemas climáticos e baixa cobertura de seguro rural.
Segundo avaliação da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a atuação do setor foi determinante para que a inflação anual ficasse próxima de 4,4%.
Mesmo com esse desempenho, o setor enfrentou grandes problemas na área financeira.
Em outubro, o crédito rural com taxas de mercado registrou 11,4% de inadimplência, o maior índice desde o início da série histórica, em 2011.
Entre os fatores apontados estão problemas climáticos recorrentes, queda nos preços de commodities, aumento nos custos de produção, restrições bancárias e juros elevados.
A CNA reforça que a recuperação econômica dos produtores dependerá de medidas estruturais que aumentem a previsibilidade, reduzam a vulnerabilidade financeira e climática, e promovam confiança e resiliência para o crescimento sustentável do setor.
Um dos pontos críticos de 2025 foi o baixo desempenho do seguro rural, o Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR) cobriu apenas 2,2 milhões de hectares, menos de 5% da área agricultável do país, o pior resultado desde 2007. A falta de cobertura tende a afetar negativamente os resultados do próximo ciclo agrícola.
Dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) apontam que as principais lavouras do País — representando cerca de 40% do setor —, a soja e o milho devem encerrar 2025 com crescimento significativo na produção, de 14,5% e 20%, respectivamente. Para 2026, porém, a estimativa é que a soja cresça no máximo 1% e que o milho puxe a safra brasileira para baixo, com queda de 6%, segundo projeção do Itaú.


