A trajetória de Lúcia Castanho é uma prova de que a arte e a academia podem caminhar juntas, alimentando-se mutuamente. Com início na década de 1980, a artista visual Lúcia Castanho construiu sua trajetória dentro e fora do mundo universitário.
A formação de Lúcia começou de forma incomum para as jovens de sua época em Sorocaba. Aos 17 anos, ela se deslocava a São Paulo para realizar cursos preparatórios de desenho.
Sua dedicação a levou a trilhar um caminho inteiramente focado nas artes, fez Pós-Graduação na Faculdade Santa Marcelina, Mestrado e Doutorado no Mackenzie e Pós-Doutorado na Faculdade de Belas Artes do Porto, em Portugal.
O Feminino, Ofélia e o Silêncio
A produção artística de Castanho está intrinsecamente ligada à exploração do feminino, com destaque para a figura de Ofélia, personagem trágica de Hamlet, de Shakespeare.
A artista desenvolveu uma série de fotoperformances baseadas em Ofélia, um trabalho que permitiu o aprofundamento da discussão sobre o papel e a imagem da mulher.
O tema evoluiu a partir da exploração da morte e do coração de Ofélia, incorporando posteriormente a questão do silêncio feminino.
Em seu pós-doutorado, a leitura de um conto de Kafka sobre o silêncio das sereias influenciou diretamente sua produção, resultando em objetos e obras que abordam essa ausência de voz.
Os Mergulhos e as Travessias
Atualmente, o trabalho da artista se manifesta intensamente nas pinturas e fotoperformances de mergulho. Estes mergulhos, muitas vezes realizados em piscinas ou referindo-se ao fundo do mar, simbolizam o desconhecido e a travessia.
Essa série de trabalhos está intimamente ligada ao período em que Lúcia Castanho viveu em Portugal, e suas subsequentes viagens ao país, traduzindo a experiência da distância e do retorno em imagens visuais.
O desconhecido é o cerne da criação, permitindo transformar o que é vivido e o que sente em imagens e objetos novos.
“A pintura é sobre atravessar, é sobre o além-mar, é sobre sair do Brasil e ir para lá, ficar todo esse tempo” destaca a artista.
Ateliê em Votorantim: Espaço de Criação e Memória
Juntamente com a artista Laura Matos, Lúcia Castanho inaugurou um ateliê em Votorantim, um espaço que serve como local de trabalho, pesquisa e exposição.
A artista reforça a importância da observação e da referência visual para o processo criativo: “Não tem como artista trabalhar sem buscar referências visuais… a gente trabalha, mas a gente vê muito, a gente visita muito, a gente precisa ver.O que eu mais sei é o meu sentimento diante das coisas que observo” diz Lúcia.
O ateliê é um polo de pesquisa e referência visual. O espaço está localizado na Rua Alfredo Filippim nº788, próximo à Galeria Dan.


