12 de junho de 2025

Muita gente quer diversão, mas a maioria da população de Itapetininga quer dormir bem.

“Ensurdecedor” foi a palavra usada pelo Coronel Calil Badin, nosso entrevistado para falar sobre o volume do som dos Shows da 52ª EXPO AGRO, que chegam na casa de boa parte dos moradores da cidade durante as madrugadas do evento.

O coronel Badin ressaltou que a exposição, apesar de ser uma festa tradicional e bem-vinda, tem gerado inúmeras reclamações sobre o som excessivo que perturba o sono de trabalhadores, idosos, crianças e famílias em bairros distantes do recinto.

Segundo Badin, um levantamento preliminar aponta que o barulho da exposição é audível desde o início da Nova Itapetininga até o Jardim Shangrilá, uma distância considerável. “Alguma providência tem que ser tomada”, enfatizou.

Ele sugeriu que o próprio poder público realize uma pesquisa para dimensionar o número de cidadãos prejudicados. Badin também alertou para um problema que chamou de “pancadão”, músicas repetitivas que se iniciam após os shows, intensificando o incômodo durante a madrugada.

Especialista em som para shows e eventos, o empresário Alexandre Zanani explicou que atualmente existem sistemas como as “torres de delay” que permitiriam uma distribuição sonora uniforme dentro do recinto da Expo Agro, com um impacto mínimo nas áreas vizinhas.

Ele detalhou como esse sistema funciona, utilizando múltiplos pontos de som de menor potência ao longo da área do evento, evitando que o som principal precise alcançar grandes distâncias com alta intensidade.

Zanani citou o exemplo bem-sucedido do Sambódromo do Rio de Janeiro, que utiliza um sistema semelhante com 50 torres de delay de cada lado. “É só querer fazer”, afirmou, apontando para a questão da gestão do contrato entre a prefeitura e os promotores do evento.

Ele também mencionou a existência de medidores de decibéis e a possibilidade de a prefeitura limitar o volume máximo permitido no perímetro da exposição.

Zanani revelou que a empresa responsável pelo som da Expo Agro, Som da Ilha, também atua na Fórmula 1 em São Paulo, demonstrando que a tecnologia e o know-how para mitigar o problema existem. “É só querer exigir aqui no contrato para que faça aqui também, baixar o som”, concluiu.

Desrespeitando a Legislação

A advogada Miriam Teodoro explicou que existe a Lei Estadual nº 12.493/06 que trata da poluição sonora e prevê a obrigação da prefeitura de elaborar planos de ruídos. “A prefeitura, ela tem o dever de fazer essa exigência”, afirmou.

Miriam também mencionou que a população prejudicada pode buscar seus direitos junto ao Ministério Público, por meio de associações de bairro ou abaixo-assinados, cobrando da prefeitura a implantação de medidas para controlar o ruído.

Recente matéria da BBC News Brasil apontou que o barulho excessivo pode ser prejudicial à saúde, estando ligado a problemas como diabetes, doenças cardíacas e demência.

Além da perturbação, o assunto é também uma questão de saúde pública.

Alexandre Zanani estimou que o volume do som na rua, nas proximidades da exposição, possa atingir entre 90 e 100 decibéis, enquanto dentro do recinto pode chegar a 120 ou 130 decibéis.

Ele compartilhou sua experiência pessoal, relatando que a exposição prolongada a altos volumes de som em sua carreira o levou a desenvolver diabetes e perda de dentes, reforçando os riscos à saúde associados à poluição sonora.

A expectativa é que  as autoridades competentes em Itapetininga busquem soluções eficazes para garantir que a diversão da EXPO AGRO não se torne um transtorno para a maioria dos cidadãos, conciliando o entretenimento com o direito ao descanso e à saúde pública de todos.

 

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Por Portal das Cidades

O Portal das Cidades é um site de entrevistas e notícias da região de Itapetininga, num novo formato interativo com as plataformas digitais.

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