O ano passado foi produtivo para Breno Ruiz (https://www.instagram.com/ruizbreno/#), que lançou dois discos. Um deles, “Pequenas Impressões sobre o Caos”, foi totalmente independente. O outro, “Milagres”, surgiu de um convite da Biscoito Fino, uma das maiores gravadoras dedicadas à MPB, conhecida por ter em seu catálogo grandes nomes como Maria Bethânia, Chico Buarque e Caetano Veloso. O convite inicial da Biscoito Fino era para que a cantora Alice Passos, parceira de Breno no projeto, gravasse um EP com músicas de sua autoria.
“A Alice me ligou e falou: ‘Cara, a Biscoito me fez um convite, eu queria gravar um EP com músicas suas'”, conta Breno. A ideia original era um formato menor, com poucas músicas. No entanto, Breno propôs um disco de piano e voz, e assim nasceu “Milagres”.
Parcerias de Peso e Reconhecimento dos Ídolos
O álbum conta com a participação especial de Edu Lobo em uma de suas canções, um momento que Breno descreve como um dos mais bonitos de sua vida profissional. “Edu topou participar. Foi uma das coisas mais bonitas assim que eu já vivi na minha vida profissional”, revela. O respeito e a dedicação de Edu Lobo, que chegou a transcrever à mão a partitura da música de Breno para estudá-la, emocionaram o músico.
“Eu vou botar essa partitura na minha parede assim, porque dá um trabalho do cão”, brinca Breno, valorizando o gesto de seu ídolo.
Após o lançamento do disco nas plataformas digitais, Breno e Alice começaram a receber depoimentos surpreendentes de grandes nomes da música brasileira. “De repente chega um depoimento do Egberto Gismonte, que é um cara que eu nunca imaginei que fosse parar e ouvir minha música”, conta Breno, lembrando um áudio de 12 minutos de Egberto elogiando o trabalho. Leila Pinheiro, Joyce, Guinga e até mesmo Chico Buarque se manifestaram positivamente sobre “Milagres”, destacando a qualidade das composições e o trabalho de Alice.
Para Breno, esses depoimentos valem mais do que qualquer prêmio. “Pra mim, o meu Grammy é ter um depoimento do Chico falando um negócio desse”, afirma. O carinho e a admiração vindos de seus pares, que também são seus ídolos, são a maior recompensa. A mensagem de Dulce Pontes, renomada artista portuguesa que gravou com Ennio Morricone, dizendo que viaja pela Europa ouvindo seu disco, reforça a amplitude e o impacto de sua música.
A Volta do Vinil e o Desafio da Mídia Física
Apesar do sucesso nas plataformas digitais, o público começou a pedir uma versão física do disco. “Agente quer o disco material”, recorda Breno. Foi então que surgiu a ideia de lançar “Milagres” em formato de LP, um desejo antigo de Breno e Alice.
Para Breno, a mídia física vai além da possibilidade de venda em shows. Ela representa a materialidade do trabalho e a valorização de todos os profissionais envolvidos. “A pessoa que escreveu a letra da música… ela vai pegar o encarte de um álbum e ler a letra. Então, você valoriza o letrista, quem escrever um texto de apresentação”, explica. Além disso, a arte gráfica, a ficha técnica e todo o universo que um disco físico proporciona enriquecem a experiência do ouvinte.
Financiamento Coletivo: Um Encontro de Afetos
Produzir um LP é um processo caro, por isso, Breno e Alice optaram por uma espécie de financiamento coletivo, funcionando mais como uma pré-venda. Através de um formulário disponível nas redes sociais de Breno (https://www.instagram.com/ruizbreno/#) os interessados podem adquirir o disco antecipadamente, contribuindo para a realização do projeto. “A gente está cuidando de um LP, de um disco de vinil, a bolachona. É um sonho da gente, é um desejo da gente”, celebra Breno.
A escolha do LP também se conecta a uma reflexão mais profunda sobre o consumo de música na era digital. Breno critica a “uberização do artista” e o consumo de música “a granel”, impulsionado pelos algoritmos e pelas redes sociais, onde tudo é rápido e efêmero. “A vida humana não se reduz a 15 segundos de escuta, a 3 minutos de escuta de uma música que depois de amanhã essa música não tem mais”, argumenta.
Para ele, o vinil resgata uma atmosfera de ritos sociais e de escuta mais profunda. Breno evoca a imagem de amigos se reunindo para ouvir um disco, a troca de experiências e o diálogo em um ambiente onde as diferenças eram possíveis.
“Eu acho que ela tem uma aura, uma remissão afetiva a um tempo que ainda é possível para você botar uma coisa na vitrola, que é uma obra de arte”, descreve. O LP, assim como um livro, proporciona um momento de fruição e partilha, desafiando a lógica do consumo descartável.
Desafios da Arte na Era Digital e a Reinvenção do Caminho
Breno Ruiz reconhece os desafios de fazer arte em um cenário dominado por algoritmos e pela efemeridade. Ele compara a situação atual com a “anomalia” que foi o surgimento de grandes carreiras na MPB, impulsionadas pela indústria fonográfica. Hoje, o filtro não é mais a indústria, mas sim o algoritmo.
“A gente vira refém do algoritmo, e o consumidor acha, passivamente, que ele está exposto a uma coisa muito boa e muito democrática de consumir música”, alerta.
Apesar disso, Breno enxerga o momento atual como uma oportunidade para inventar novos caminhos. Seu trabalho é um “trabalhinho de formiguinha”, plantando sementes e formando público de forma gradual. “Não sou uma pessoa que está pleiteando, ou que tem a ilusão de que eu vou viralizar e de hoje para amanhã eu vou ter 2 milhões de seguidores”, afirma. Seu objetivo é ter o respeito de seus pares e acessar uma fatia do público que valorize a profundidade de sua canção.
Sobre o uso da tecnologia na criação musical, Breno se mostra aberto, mas prefere manter seu processo de produção mais orgânico. Embora reconheça o potencial da inteligência artificial como ferramenta de pesquisa e aceleração de processos, ele enfatiza que a ética e a regulamentação são fundamentais para evitar problemas.
No entanto, para o tipo de música que Breno Ruiz faz, a preferência é por seguir o caminho que sempre realizou, valorizando a essência humana da criação.
Com “Milagres”, Breno Ruiz não apenas entrega um trabalho de alta qualidade musical, mas também convida o público a uma reflexão sobre a forma como consumimos arte, incentivando uma escuta mais atenta e uma conexão mais profunda com a música.
Para saber mais sobre o LP “Milagres” e como contribuir para a pré-venda, acesse as redes sociais de Breno Ruiz – https://www.instagram.com/ruizbreno/#