12 de junho de 2025
Roberto Dumas, maior especialista brasileiro em economia chinesa fala sobre o cenário comercial para os produtos do Agro de exportação de Itapetininga

A economia global tem sido palco de tensões, abalada pelo protecionismo implementado pelo governo Trump, com a imposição de altas tarifas sobre produtos importados pelos Estados Unidos.

Mas , em meio a esse cenário de incertezas, quem se deu bem foi o agronegócio brasileiro, incluindo os produtos para exportação de Itapetininga, que já estão faturando com o aumento do comércio com a China, um terreno fértil para expandir seus negócios, e com boas perspectivas a curto e médio prazo.

Com o aumento da demanda chinesa por commodities agrícolas, Itapetininga, tradicionalmente forte na produção de soja, milho, frango, além de açúcar, álcool e celulose, viu suas exportações ganharem novo fôlego. As perspectivas a curto e médio prazo são animadoras, com a possibilidade de estreitar ainda mais os laços comerciais com a enorme economia asiática. Para entender melhor esse cenário e as oportunidades que se abrem para a região, conversei com Roberto Dumas, renomado especialista em economia chinesa, com vasta experiência e conhecimento do assunto. Dumas destacou que, mesmo antes do acirramento das tarifas, a China já demonstrava um interesse crescente pelos produtos brasileiros, impulsionado por fatores como a epidemia de febre suína que dizimou grande parte do rebanho chinês, elevando a demanda por milho e soja para ração animal. “O Brasil exporta praticamente 75% de tudo que exporta de soja para a China, e a China compra 70% de tudo que precisa de soja do Brasil”, revelou o especialista, apontando a forte dependência mútua entre os dois países nesse setor. A celulose se destaca, com um aumento expressivo nas exportações em 2024. Ao analisar o impacto do tarifaço de Trump, Dumas ponderou que, apesar das dificuldades iniciais para os Estados Unidos, o Brasil tem uma janela de oportunidade para se beneficiar, especialmente no setor do agronegócio. “O Brasil tem uma grande possibilidade de se beneficiar desse tarifaço de Trump no segmento do agronegócio”, afirmou, ressalvando que, para produtos de maior valor agregado, é preciso aguardar a definição das tarifas. “Se a tarifa for muito grande, aí compensa mais para o Brasil, que em alguns momentos não tem a vantagem competitiva.” No entanto, Dumas alertou para a importância da cautela e da diversificação de mercados. “Países não têm amigos, países têm interesses”, enfatizou, defendendo a necessidade de o Brasil buscar acordos comerciais temporários com a China enquanto durar a disputa com os Estados Unidos, mas sem descuidar de outros mercados. “Precisamos diversificar cada vez mais e ficar cada vez menos dependente de um país só”, aconselhou o especialista, lembrando que a China, apesar de ser um parceiro comercial fundamental, também possui seus próprios interesses e pode mudar suas estratégias. Questionado sobre o potencial da China para demandar produtos agro com maior valor agregado de Itapetininga, Roberto Dumas ponderou que isso dependerá da evolução da guerra comercial e dos acordos tarifários. Oportunidades e Desafios para Itapetininga Para complementar a análise de Roberto Dumas, conversamos com Luiz Leitão, engenheiro agrônomo e o empresário Luís Person, especialistas em agronegócio da região de Itapetininga. Person destacou três pontos centrais: as vantagens comparativas em relação a produtos de valor agregado, as oportunidades gerais e a máxima de que países priorizam seus próprios interesses. Ele também mencionou algumas curiosidades, como o mercado de mel na China e as especificidades do “boi China”. Leitão, por sua vez, enfatizou a importância da cautela, reiterando a alta dependência das exportações de soja para a China. Ele também ressaltou o potencial da safra recorde brasileira para atender à demanda chinesa gerada pelo tarifaço, desde que isso seja feito de forma estratégica para não impactar o mercado interno. Ambos concordaram que Itapetininga possui vantagens comparativas significativas, como a localização estratégica, o acesso a boas rodovias e a ferrovia, a proximidade do Porto de Santos e de grandes centros consumidores. No entanto, a agregação de valor aos produtos ainda é um desafio a ser superado. ” Faltam políticas públicas direcionadas”, pontuou Person, defendendo a necessidade de estudos das cadeias produtivas para identificar oportunidades de agregar valor e impulsionar as exportações. Apesar dos desafios, as perspectivas para o agronegócio de Itapetininga neste novo cenário global são promissoras. A demanda chinesa por commodities, impulsionada indiretamente pelo tarifaço de Trump, abre uma janela de oportunidades para os produtores locais. No entanto, é fundamental que o setor adote uma postura estratégica, buscando diversificar mercados, investir em agregação de valor e superar os gargalos logísticos para garantir o crescimento de forma permanente. A capacidade de aproveitar as oportunidades do novo cenário econômico será a chave para que Itapetininga colha os frutos deste novo contexto favorável aos produtos do nosso Agro.

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