O Biólogo Rafael Silvério viaja de bicicleta há um ano pelo interior e, agora, está na Argentina. O projeto de Rafael é conhecer e registrar nas redes sociais (linktr.ee/rafasilveriobio) a Fauna, a Flora e o perfil humano das pessoas que encontra durante a viagem.
Durante sua passagem pelo interior do Paraná, um momento de acolhimento inesperado em uma comunidade indígena se tornou uma experiência marcante para Rafael.
A experiência vivida por ele revela a generosidade e empatia de uma família Kaingang, que demonstrou um profundo sentimento de solidariedade pelo Biólogo.
Era um fim de tarde, quando Silvério chegou às proximidades comunidade indígena. Sem ter onde passar a noite,decidiu deitar-se na frente de uma igreja, à beira da estrada. “Eu estava cansado e sem ter para onde ir, então me preparei para dormir ali mesmo, no chão. Foi quando uma família Kaingang, que passava pelo local, me convidou para passar a noite na casa deles” conta o Biólogo.
Sem cobrar nada de Rafael, a família indígena ofereceu abrigo. “Eles acolheram um estranho vindo de outra cultura e realidade, foi incrível” ressalta Rafael. “Eles me acolheram de maneira muito simples e generosa, sem me conhecer. Disponibilizaram um cantinho em sua casa e confiaram em mim, um completo desconhecido. Esse gesto de confiança foi algo que me marcou profundamente” completa o Biólogo.
Falando ao Portal das Cidades, Rafael revela que o episódio foi muito mais do que uma oferta de abrigo. “Foi uma experiência de conexão humana que ultrapassou as barreiras culturais. Passei dois dias com eles, com muita simplicidade, hospitalidade e carinho. Me senti muito acolhido. Nessas horas a gente vê que dá para voltar a botar fé na humanidade” conclui.
Voluntário na Tragédia de São Sebastião: Medo e Solidariedade
Um momento que marcou as viagens de Rafael foi quando ele se dirigiu para São Sebastião, durantes as chuvas de destruíram a cidade. Ele foi como voluntario para ajudar e trabalhar com as vítimas das enchentes e deslizamentos no litoral norte.
No dia 19 de fevereiro de 2023 um temporal atingiu o litoral norte do estado de São Paulo devastando o município de São Sebastião, durante o feriado de carnaval. A chuva provocou deslizamentos de terra, desmoronamentos de casas e deixou a cidade destruída, com milhares de desabrigados: 64 pessoas morreram na tragédia.
“Quando eu estava chegando próximas as áreas afetadas, me senti muito vulnerável… houve um momento em que eu estava empurrando a bicicleta numa serra muito íngreme, e a chuva caindo, um cenário caótico, um grande risco de desmoronamento onde eu estava” conta o Biólogo
Embora o voluntário tenha conseguido chegar em segurança à pousada oferecida pela ONG, os dias que se seguiram trouxeram à tona o peso da tragédia. “Os dias seguintes foram tristes. Havia várias mortes, e nós fizemos o possível para ajudar com nossas próprias mãos. Mas a realidade era dura. Faltava assistência adequada para que as pessoas pudessem reconstruir suas vidas” conta Rafael.
“Não há estudo ou curso que ensine como lidar com situações caóticas como essa. Foi uma experiência muito forte”, conclui.