Itapetininga tem muitas histórias “não oficiais” que são pouco conhecidas. A primeira começa com a escolha do local que seria reconhecido como freguesia pelo governo colonial.
Segundo esta história não oficial, Domingos José Vieira teria conseguido a escolha de seu arraial presenteado o representante do governo, Simão Barbosa Franco, com uma bela mula ruana.
O Portal das Cidades entrevistou o historiador e genealogista José Luís Nogueira para falar sobre a história da “mula ruana”.
O historiador mergulhou nas origens da lendária mula ruana e seu papel na fundação da cidade de Itapetininga. A lenda, transmitida oralmente por gerações, ganhou novas nuances com a análise aprofundada do historiador.
Segundo Nogueira, a história se inicia com Domingos José Vieira, um dos fundadores da cidade, que buscava um local mais propício para estabelecer seu pouso. Após se fixar algum tempo onde hoje é o bairro do Porto, ele escolheu um novo local, próximo à atual Rua Quintino Bocaiúva (nas imediações da rotatória da avenida marginal).
A partir dali, o arraial começou a prosperar, com a construção de casas e de uma capela.
O pouso abandonado no bairro do Porto posteriormente foi ocupado por uma família vinda de Curitiba, a família de Pascoal Leite de Morais. Com Pascoal Leite o núcleo do bairro do Porto também começou a prosperar e a região passou a contar com dois núcleos.
Manuel José Braga, que era compadre do Domingos José Vieira, fez uma carta ao Comandante Geral da província de São Paulo pedindo para que Itapetininga se transformasse em Freguesia.
O Comandante Geral da província de São Paulo mandou um fazendeiro, Simão Barbosa Franco, para resolver aonde seria o melhor para se transformar em Freguesia.
A lenda narra que, para conquistar o favor de Barbosa Franco, Domingos José Vieira presenteou-o com uma bela mula ruana. Essa generosidade teria sido o fator decisivo para que Barbosa Franco escolhesse o núcleo de Vieira para se tornar a sede da futura cidade.
No entanto, Nogueira ressalta que a história, embora romântica, não se sustenta por completo.
Após uma análise minuciosa de documentos históricos, o historiador concluiu que a escolha de Itapetininga como sede não se deu apenas pela influência da mula ruana. Outros fatores, como a maior concentração de moradores na região de Vieira, também pesaram na decisão final.
“A mula ruana é um elemento que enriquece a narrativa, mas a verdade histórica é mais complexa”, afirma Nogueira. “A lenda, ao longo dos anos, foi sendo moldada e transmitida de forma oral, sofrendo algumas transformações”.
Independentemente da veracidade de cada detalhe da lenda, a história da mula ruana continua a fascinar os moradores de Itapetininga e a despertar o interesse de pesquisadores e historiadores.