22 de dezembro de 2025

Por Samira Albuquerque

No último domingo, 7 de dezembro, Itapetininga integrou o movimento nacional Mulheres Vivas, mobilização que tomou as principais capitais e diversas cidades do país em defesa da vida das mulheres e pelo fim das violências de gênero.

No município, o ato foi organizado pelo Instituto Nacional da Transparência Municipal (Inatram) e pelo projeto gerenciado pelo Instituto, a Rede ABRACE de Amparo às Mulheres, e reuniu representantes da sociedade civil, lideranças femininas e profissionais de diferentes áreas na tradicional Feira Livre, ponto de patrimônio histórico e cultural onde frequentemente se concentram ações sociais e comunitárias.

O objetivo central do encontro foi sensibilizar a população sobre o expressivo aumento dos feminicídios no Brasil, além de ampliar o diálogo sobre todas as formas de violência contra a mulher, inclusive aquelas que nem sempre são visíveis, como a violência psicológica.

A mobilização contou com a participação de mulheres que já desenvolvem, há anos, trabalhos de impacto em suas respectivas áreas. Entre elas, a professora mestre Thais Maria Souto Vieira, uma das fundadoras do coletivo Marias e Clarices em Itapetininga. Sua presença, acompanhada do filho Sereno, simbolizou a importância da continuidade geracional na defesa dos direitos das mulheres.

Também esteve presente a educadora, escritora, produtora cultural e ativista Katia Baroni, que destacou, em sua fala, o papel da irmandade feminina como força transformadora para enfrentamento das violências. Ela relembrou que muitas agressões permanecem invisíveis e reforçou a necessidade de reconhecer e combater todas elas de forma integrada.

A presidente do Conselho de Segurança Comunitário (Conseg), Claudia Meneghella, reforçou a gravidade de um cenário em que a maior parte das violências contra mulheres, crianças, idosos, pessoas com deficiência e até mesmo contra animais ocorre dentro dos lares. Representando o Conseg, ressaltou a importância da articulação entre o poder público, forças de segurança e sociedade civil para a construção de estratégias que promovam prevenção e proteção efetiva.

A professora-mestra Paula Granato, docente da Fatec Itapetininga, contribuiu com reflexões sobre como transformar comportamentos violentos em relações respeitosas e saudáveis, destacando a urgência de ampliar espaços de diálogo e ações educativas permanentes.

O evento contou com a participação do Núcleo de Dança Passinhos Retrô – Anos 80, que se apresenta no Clube Recreativo de Itapetininga e em diversos espaços culturais. A presença do grupo reforçou a ideia de que a cultura, o esporte e a convivência comunitária são caminhos transformadores. As apresentações atraíram grande interesse do público que circulava pela feira: adultos e crianças se aproximaram, dançaram, registraram o momento e demonstraram abertura para compreender a razão da mobilização.

Durante as pausas das apresentações, as organizadoras explicavam aos visitantes o propósito do ato, fortalecendo a compreensão de que participar da mobilização nacional é também construir, no cotidiano, uma convivência mais justa, gentil e solidária. O resultado foi considerado muito positivo pelas integrantes da Diretoria do Instituto e da Rede ABRACE, apesar da ausência de autoridades públicas, comunicadores e cobertura da imprensa local; que foram convidados para usarem do espaço e se expressarem sobre essa causa tão urgente e prioritária.

Diversas outras mulheres da cidade compareceram para prestar apoio, entre elas Andrea Ferriello, criadora do canal Devaneios, que registra histórias de mulheres e desenvolve importante trabalho audiovisual; a excepcional e engajada advogada Dra. Raíssa Brun, e a idealizadora do Coletivo Leia, Gisely Stocco, que constrói um riquíssimo trabalho através do estudo das Poéticas Verbais e Cartografia Afetiva.

Ainda contamos com a presença da fisioterapeuta Dra. Cíntia Sanada, acompanhada de sua filha, Sayurithan, estudante de fisioterapia. Ambas integram a diretoria do Inatram e coordenam, em parceria com a Universidade do Sudoeste Paulista, um projeto de consciência corporal voltado a mulheres que vivenciaram traumas físicos e emocionais decorrentes da violência. Por meio de práticas fisioterapêuticas especializadas, o projeto auxilia mulheres a reconectarem-se com seus corpos e seus processos de cura.

O ato reforçou a necessidade de ampliar e fortalecer redes de proteção no município, bem como incentivar a participação de homens nesse debate — tanto como apoiadores quanto como protagonistas de reflexões e ações que promovam o fim da violência intrafamiliar.

A mobilização Mulheres Vivas em Itapetininga demonstrou que iniciativas coletivas, mesmo de pequeno porte, têm potência para gerar impacto, sensibilizar moradores e abrir caminhos para novas articulações comunitárias. As mulheres presentes reafirmaram o compromisso de manter viva essa agenda e de expandir o diálogo para toda a sociedade, sinalizou a advogada Samira Albuquerque, fundadora do Inatram e Coordenadora Jurídica da Rede ABRACE, que completaram dia 25 de outubro, dez anos de trabalho voluntário na cidade e região.

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Por Portal das Cidades

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