9 de novembro de 2024

A professora Cecília foi uma mulher que dedicou sua vida a ensinar crianças surdas a se comunicarem e a se integrarem à sociedade.

Cecília começou a trabalhar com crianças surdas na década de 1960. Na época, ela era recém formada na Escola Normal de Professores Peixoto Gomide e foi para o Rio de Janeiro fazer o Curso de Especialização de Surdos no Instituto Nacional dos Surdos.

Segundo depoimento da sua sobrinha e afiliada Maria Teresa Vasques Ayres Cecília, a professora enfrentou muitos desafios em seu trabalho. “Os pais das crianças surdas eram muitas vezes céticos quanto à capacidade de seus filhos de aprender”.

“A preocupação da Cecília era trabalhar para que as crianças com necessidades especiais que existem na região que não frequentavam nenhuma instituição de ensino” diz Maria Teresa.

“A primeira luta que eu percebi era a dificuldade de convencer os pais a deixarem as crianças serem educadas e acreditarem que aquilo poderia trazer alguma algum benefício pros seus filhos, porque nenhum pai naquela época acreditava que o surdo pudesse um dia conviver na sociedade” lembra a sobrinha.

Maria Teresa conta que a professora Cecília aos poucos foi conseguindo a confiança desses pais e a classe foi se formando. A idéia da professora era dar uma educação básica e desenvolver nessa criança uma forma de comunicação que, a partir do ginásio (na época), conseguisse frequentar uma sala normal utilizando a leitura labial para acompanhar o professor.

“Era muito emocionante ver, quem nunca escutou um som, conseguir emitir sons com significado” lembra a sobrinha.

“A técnica que ela usava era usar o sentido do tato do surdo com relação à sensibilidade às vibrações. Então uma das técnicas era uma bexiga cheia que as duas pessoas seguravam na bexiga ela de um lado a criança do outro pronunciando as vogais. Encostando o lábio na bexiga a gente pronunciava essa vogal e com a mão do surdo e pedia que ele tentasse imitar essa mesma vibração na bexiga. Após muitas tentativas e erros o som ia aparecendo numa vogal de forma também de ensinar a emissão desse som, através do ar que se deslocava. Então ela colocava a mãozinha da criança na frente e falava a vogal e depois a criança tentava produzir o mesmo deslocamento de ar colocando a sua própria mão na frente, com a mão na bochecha também” lembra Maria Teresa.

A sobrinha da professora Cecília conta que, depois ela investiu na arte com as crianças, trabalhando com a pintura, depois o teatro. Ela conta que “as Crianças percebendo isso começaram a produzir e aprender rapidamente as coisas e acreditar em si mesmo. Na primeira exposição dos quadros dela você percebia a felicidade em cada uma dessas crianças por ter feito os quadros. Alguns quadros foram premiados em uma exposição em São Paulo.”

“Ela não só ensinava a ler e a escrever, mas realmente promovia uma adequação dessa criança, que naquela época era excluída por não ser capaz de viver na sociedade. Eu lembro com muito carinho dela. Porque com ela eu aprendi que, se você acredita, estuda, desenvolve uma técnica, você consegue um monte” conclui Maria Teresa.

 

Autor

Por Portal das Cidades

O Portal das Cidades é um site de entrevistas e notícias da região de Itapetininga, num novo formato interativo com as plataformas digitais.

Posts relacionados

Deixe uma resposta

Descubra mais sobre Portal das Cidades

Assine agora mesmo para continuar lendo e ter acesso ao arquivo completo.

Continue reading