O Portal das Cidades publica, a parir desta semana, a websérie “Professora Cecília, uma história de inclusão em Itapetininga”.
A websérie faz parte de um projeto de resgate histórico aprovado pela Lei Paulo Gustavo, de Incentivo a Cultura. A autoria do projeto é de Roberto Soares Hungria Neto.
Em forma de capítulos, a webséire contará a história da professora Cecília Pimentel Vasques Prestes Nogueira, uma pioneira no trabalho da educação inclusiva em Itapetininga.
Uma história que começou na década de 1960 e cujos frutos permanecem até os dias atuais.
Ela foi uma pioneira da educação e inclusão social de crianças surdas. Seu trabalho ficou conhecido em todo o Brasil por meio de uma reportagem do Jornal Nacional em homenagem ao dia do professor, no ano de 1984. Na ocasião, a reportagem mostrou uma aluna da professora que foi a protagonista da peça de teatro “O Milagre de Annie Sullivan”, encenada com grande repercussão em Itapetininga naquela época.
A peça “O Milagre de Annie Sullivan” aconteceu graças ao empenho e talento de outra professora, Margha Bloes, uma grande amiga de Cecília. A peça foi encenada na Igreja das Estrelas, levando um grande público de toda a região.
Sua classe na Escola Estadual Fernando Prestes de Albuquerque foi a primeira a oferecer educação para crianças que não ouviam. No entanto, muitas famílias levavam até lá os filhos que consideravam surdos, mas eles apresentavam outros tipos de necessidades especiais. A professora Cecília ficava penalizada em não poder atender aquelas crianças, que voltavam pra casa e não tinham nenhuma perspectiva de futuro para suas vidas.
Cecília era um exemplo de amor e compaixão pelo próximo. Ela tinha urgência, precisava fazer algo por essas crianças. E fez. Foi para São Paulo conhecer o trabalho da APAE e, juntamente com o marido Edmundo Prestes Nogueira, conseguiu um grande apoio para fundar a APAE de Itapetininga no ano de 1971.
Atualmente a APAE de Itapetininga é uma entidade referência na área, que atende mais de 200 crianças com necessidades especiais. A APAE de Itapetininga também opera a nova Casa TEA, do Centro Municipal de Referência TEA, cujo atendimento especializado oferece tratamento para crianças com o Transtorno do Espectro Autista.
A dedicação da professora também encontrou na arte um recurso para promover seus alunos. Ela descobriu que eles compensavam a ausência de ouvir desenvolvendo mais o sentido da visão. Eram pessoas com uma sensibilidade extraordinária, que possuíam uma observação visual mais detalhada, com potencial fantástico para a pintura. Com a colaboração da professora Lourdes Válio, os alunos aprenderam as técnicas da pintura, chegando a ter quadros premiados na Bienal de Kanagawa (Japão) – Exposição de Artes das Crianças do Mundo.
E todo esse trabalho a professora Cecília realizou numa época na qual nem se falava em INCLUSÃO.
A websérie também traz o depoimento de professores que continuaram o trabalho pioneiro de educação inclusiva da professora Cecília e fazem parte da Diretoria de Ensino Região Itapetininga.
Mais do que um resgate histórico, a websérie “Professora Cecília, uma história de inclusão em Itapetininga” é uma oportunidade para debatermos o assunto e valorizarmos os profissionais que atuam, com muito amor e dedicação, na educação inclusiva.
“É uma oportunidade para olhar melhor e com empatia as pessoas que são diferentes, com seus talentos e habilidades” ressalta Roberto Soares Hungria Neto, proponente do projeto da websérie.