O Portal das Cidades escutou Marcelo Camargo, orientador de Polo da FATEC de Itapetininga, e Djalma Coelho, proprietário de uma agência de empregos com mais de duas décadas de atuação na cidade.
Djalma Coelho vê uma perspectiva otimista, contrariando a percepção comum de falta de oportunidades. “Itapetininga hoje tem muita oportunidade, tem muito emprego e está faltando mão de obra”, afirmou categoricamente, revelando que sua agência, parceira do PAT (Posto de Atendimento ao Trabalhador), contabiliza atualmente mais de 500 vagas de emprego disponíveis.
No entanto, o entusiasmo de Djalma esbarra em um obstáculo significativo: a dificuldade em preencher essas vagas.
Segundo ele, sua agência Microflex tem conseguido preencher, com otimismo, apenas 30% das oportunidades. O cerne do problema reside em dois pontos cruciais: a falta de qualificação profissional e o comprometimento dos candidatos.
“A pessoa hoje quer chegar lá em cima, mas não tem a qualificação para chegar ali”, lamentou, enfatizando a necessidade de estudo e profissionalização.
Além disso, apontou para a falta de comprometimento em aspectos básicos como horários e entrevistas, demonstrando um desalinhamento entre as expectativas dos candidatos e as demandas do mercado.
Marcelo Camargo, da FATEC, concorda com a visão de Djalma sobre a importância da qualificação. Ele destacou o papel crucial da FATEC e do Instituto Federal na oferta de cursos técnicos e superiores, ressaltando que a grade curricular é pensada para atender tanto às demandas locais quanto a mercados mais amplos.
Contudo, ele expressou preocupação com a alta taxa de evasão nos cursos, atribuindo-a, em parte, à busca por resultados imediatos e à preferência por aprendizados mais rápidos, muitas vezes online.
Um ponto interessante levantado por Marcelo foi à formação de profissionais para um futuro incerto. “A gente tá formando alunos para trabalhar muitas vezes em profissões que ainda não existem”, observou, citando o impacto da inteligência artificial e de outras tecnologias emergentes.
Ele enfatizou que o conhecimento em IA não é apenas uma nova profissão, mas uma ferramenta essencial para diversas áreas, transformando a atuação profissional.
Djalma Coelho concorda com essa visão, notando o aumento de empresas que contratam profissionais de Itapetininga para trabalhos remotos, atendendo clientes de outras localidades e até de fora do país. Ele ressaltou que a pandemia impulsionou essa modalidade, mostrando a viabilidade e a produtividade do trabalho em home Office, desde que o profissional possua o conhecimento e a disciplina necessários.
Ao longo da conversa, ambos os entrevistados convergiram em outro ponto crítico: a dificuldade de comunicação e interação humana entre os candidatos, especialmente os mais jovens.
Djalma relatou casos de candidatos com dificuldades em manter contato visual e expressar-se adequadamente em entrevistas, além de problemas com o trabalho em equipe. Marcelo observou que, apesar da familiaridade dos jovens com a tecnologia, há uma carência na área da comunicação interpessoal.
A FATEC, segundo ele, tem buscado trabalhar essa questão, reconhecendo a importância das habilidades de comunicação no mercado de trabalho.
Djalma trouxe à tona uma mudança interessante no perfil dos candidatos: o surgimento da “geração de prata”. Profissionais mais experientes, com mais de 40 anos, estão sendo valorizados por suas habilidades de comunicação e capacidade de trabalhar em equipe, características que muitas vezes faltam aos mais jovens.
Para aqueles que buscam o primeiro emprego, Djalma foi enfático: proatividade é a chave. Ele aconselhou os jovens a se prepararem adequadamente para entregar currículos, vestindo-se de forma apropriada e demonstrando interesse genuíno pelas oportunidades. A elaboração cuidadosa do currículo, utilizando as ferramentas online disponíveis, e a busca direcionada por áreas de interesse foram outros pontos destacados.
Marcelo Camargo ressaltou a importância do interesse e da dedicação dos candidatos, além da qualificação. Ele mencionou a crescente demanda em áreas como o agronegócio e a necessidade de os jovens demonstrarem mais disposição para trabalhar em horários e condições diversas. Ele também observou o aumento de pessoas mais velhas buscando requalificação na FATEC, o que demonstra que a busca por conhecimento e novas oportunidades não tem idade.
“As vagas existem, as oportunidades estão à porta, e instituições como a FATEC, as ETECs e o Instituto Federal oferecem o conhecimento necessário. A proatividade e o interesse são os combustíveis para ingressar e prosperar no mercado de trabalho de Itapetininga” destaca Djalma Coelho.
Edmundo Vasques Prestes 