Você sabe como é feita a sua roupa, do que ela é feita, quem a faz e em que condições essa pessoa trabalha? A grande maioria das pessoas não sabe.
Em Itapetininga o movimento Moda de Propósito atua para fazer as pessoas e a sociedade refletirem sobre a forma que são feitas as roupas e acessórios. O objetivo é trazer pessoas e organizações para trabalhar em conjunto e mudar a maneira como as roupas são pensadas, produzidas, consumidas e descartadas.
Cínthia Mádero, da Moda de Propósito e representante do movimento Fashion Revolution em Itapetininga, destaca a importância dessa conscientização. “A gente precisa pensar numa mudança de hábitos e mentalidades sobre o universo da moda e do consumo” diz ela. Precisamos fazer do mundo da moda um lugar mais justo, responsável e sustentável, completa Cínthia ressaltando que aproximadamente 70% dos trabalhadores da indústria da moda são mulheres.
Para a ativista é fundamental a sociedade assumir uma postura de responsabilidade social e com o meio ambiente. “A gente tem práticas muito negativas com relação ao trabalho desse universo da moda e quanto mais pessoas souberem disso, mais transparência a gente pode cobrar das empresas”. Outro ponto importante para Cínthia é podermos repensar a nossa forma de consumo, “não só das roupas, pois o consumo se tornou uma forma de lazer, uma forma de descompressão” conclui.
Segundo o Instituto Fashion Revolution, uma organização da sociedade civil criada em 2018, apenas 18% das marcas analisadas no Índice de Transparência da Moda Brasil divulgam a quantidade de resíduos de pré-produção gerado anualmente.
O movimento Fashion Revolution busca maior transparência sobre o processo de produção da moda com relação às condições de trabalho e o processo de fabricação. O movimento também procura saber sobre os materiais presentes nas roupas, quanto à origem, composição e impacto ao meio ambiente. Muitos materiais têxteis como algodão, poliéster e viscose estão frequentemente ligados a problemas socioambientais, como o desmatamento e emissão de gases que contribuem para agravar a crise climática.
Denúncias de movimentos de ativistas indicam que as maiores marcas de moda do mundo, H&M and Zara, usam algodão ligado a grilagem de terras, desmatamento ilegal, violência, violações de direitos humanos e corrupção no Brasil.
O algodão é cultivado no oeste da Bahia por dois dos maiores representantes do agronegócios do Brasil – SLC Agrícola e Grupo Horita. A região faz parte do bioma do Cerrado e vem sendo fortemente desmatada ao longo das últimas décadas para dar lugar à agricultura em escala industrial, que tem prejudicado as comunidades locais.
O setor de indústrias da moda não consegue monitorar e garantir a sustentabilidade e a legalidade em suas cadeias de suprimento de algodão.